É cada vez mais comum, nas rodas de conversas e nas redes sociais, o debate sobre a evolução das empresas e serviços, como o Whatsapp, por exemplo, que tem levado as empresas de telefonia à loucura, ou a Netflix, que tem tirado o sono das empresas de TV e Cinema, e agora, o mais polêmico de todos, o famoso Uber, que tem causado fúria nos taxistas.
Já pararam pra pensar: Depois da roda, que revolucionou os meios de transportes, qual foi a grande invenção do mundo na área? As empresas automobilísticas, por exemplo, desenvolvem motores mais potentes, ou mais econômicos, investem em conforto, segurança, tecnologia e design mais arrojados, mas a roda em si está lá, nem por isso deixou de ser valorizada no mercado, porém, se ficássemos apegados apenas na roda em si, talvez ainda estivéssemos andando naqueles calhambeques velhos criados pelo Henry Ford.
É mais ou menos isso que venho sentindo com a nossa região. Há 100 anos temos nossa economia baseada exclusivamente na extração de carvão, onde o povo e os políticos se acomodaram e não buscaram outras fontes de sobrevivência para a população. O carvão é importante? É, e muito! Ele merece atenção, temos que brigar e lutar para não perder os postos de trabalho que já existem. Mas temos que ter visão, começar a olhar daqui para frente, pois sabemos que é um minério finito e que nossas jazidas já possuem mais de 100 anos de extração. E nesses 100 anos, nosso comércio e nossa comunidade, principalmente de Butiá e Minas do Leão, vivem basicamente do dinheiro gerado por isso, e dinheiro dos aposentados, que já trabalharam com isso.
Nossa dependência é tanta, que, de tempos em tempos, vivemos à mercê desse mercado especulativo. Uma hora são as políticas ambientais, outra hora os leilões de energia que o governo adora deixar o carvão de fora, volta e meia vem as crises econômicas, ultimamente o fechamento das termelétricas, e dai está criado o CAOS.
Entendem? Estamos lutando, brigando, por uma causa que o próprio tempo já está dando por vencida. Precisamos estar preparados para quando o carvão acabar, e esse dia está muito perto de chegar, termos outras fontes alternativas de emprego e renda para cidade. É chegada a hora de Butiá, Minas do Leão e outros municípios da região pararem de olhar o carvão como salvador da pátria e tentar buscar outras alternativas de mercado, indústria, serviços, se não, como na década de 70, uma crise mais séria e mais profunda pode bater na nossa porta.
Olha a silvicultura ai ‘dando sopa’, somos um dos maiores polos madeireiros do Rio Grande do Sul na atualidade. Mais de 40 mil hectares da nossa região são de plantações de eucaliptos. Nós plantamos a madeira, cultivamos, cortamos e mandamos para indústria moveleira da serra, para produção de celulose, para produção de lenha, mas tudo fora daqui.
É muito difícil será buscar investimentos para que essa madeira comece a ficar aqui? É muito difícil qualificar nosso comércio, nossos empresários para que eles busquem informações, cursos, treinamentos de gestão, atendimento e não tenham que fechar suas portas? É muito complicado incentivar o empreendedorismo, que mais jovens e pessoas interessadas abram suas empresas, invistam nessa cidade, criem postos de empregos aqui e recolham impostos para o nosso caixa?
O tempo é curto, muito curto, mas ainda dá tempo de mudar nosso foco e buscar alternativas econômicas que salvem nossa região, que hoje, está na UTI.