
A quarta-feira (27) amanheceu com diversas notícias sobre uma operação da Polícia Federal em 12 cidades gaúchas, uma delas Butiá. Inicialmente, algumas pessoas fizeram automaticamente uma alusão da operação na cidade à atual administração pública. Porém, a PF esteve em dois endereços na cidade, nos bairros Vila Nova e Vila Julieta, ligados à empresas que participavam do esquema, que tinha como o epicentro o hospital de Rio Pardo.
De posse de mandados de busca e apreensão em endereços não divulgados nos dois bairros butiaenses, os policiais procuravam documentos e outras provas que ligavam os sócios das empresas ao esquema de fraude à licitação, peculato, corrupção passiva, organização criminosa, ocultação de bens, crime de responsabilidade e desobediência.
A operação resultou em 15 pessoas presas temporariamente, entre elas o prefeito de Rio Pardo – também presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) –, Rafael Reis Barros (PSDB), e o procurador do município, Milton Coelho. Outras 13 pessoas foram detidas em decorrência de diligência que aponta repasse.
Além disso, a operação apreendeu ao total: 30 veículos, alguns deles de luxo, 14 imóveis, e foram bloqueadas contas de 65 empresas ou pessoas físicas. Os desvios na saúde são estimados em pelo menos R$ 15 milhões - que, segundo a PF, já foram auditados. No entanto, podem chegar a R$ 30 milhões, que eram usados para financiar partidos políticos, comprar carros e terrenos.
O nome da operação - Camilo - diz respeito ao santo da Igreja Católica "São Camilo de Lellis". O santo é o intercessor dos profissionais de saúde.
Esquema criminoso
Para administrar o Hospital Regional do Vale do Rio Pardo, a Abrassi recebe mensalmente em torno de R$ 2,5 milhões, a maior parte do Estado e União. A instituição é referência em urgência e emergência e atende uma população de 145 mil habitantes de 11 municípios, integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A Abrassi quarteirizou pelo menos quatro empresas para prestar serviços junto à casa de saúde que possuem sócios ligados à Associação São Bento (ASB), com sede no Bairro Petrópolis, em Porto Alegre, que está no centro de diversas denúncias de irregularidades. O serviço era pago, mas não seria entregue ou ocorreria de forma precária.
As relações da São Bento com Rio Pardo eram mais profundas e envolviam também o Instituto de Educação e Saúde Vida (Isev), organização investigada por supostamente utilizar a São Bento como “laranja” para desvio de recursos públicos.
As investigações apontariam um suposto esquema criminoso envolvendo estas empresas, gestores da organização e servidores públicos para o superfaturamento de valores cobrados pelos serviços prestados, com o uso de recursos públicos repassados pela União e pelo Estado.
As ações de hoje ocorrem nos municípios gaúchos de Porto Alegre, Rio Pardo, Butiá, Canoas, Capela de Santana, Gravataí, Cachoeirinha, São Leopoldo, Guaíba, Portão, Cacequi e São Gabriel, nas cidades paulistas de São Paulo e São Bernardo do Campo, na cidade do Rio de Janeiro, e em Florianópolis e São José, no estado de Santa Catarina.