
Estamos muito cansados da permanência dessa situação que o Covid-19 nos trouxe no início do mês de fevereiro deste ano, todos sabemos, mas o que nem todos sabem ou, se negam a enxergar, é que ainda vivemos no meio de uma Pandemia, onde nada parece nos remeter a normalidade da vida que levávamos.
Na segunda-feira, (5), o CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças) dos Estados Unidos, reconheceu que o novo Coronavírus pode ser transmitido pelo ar, embora a OMS (Organização Mundial da Saúde) já tenha alertado sobre essa possibilidade desde julho deste ano.
A revista Sciense recebeu uma carta de um grupo de cientistas e médicos liderados por Kimberly Prather, da Universidade da Califórnia, em San Diego, onde declaram que a chance de contrair Covid em ambientes fechados é de até vinte vezes maior do que em um ambiente ao ar livre, e por isso, são contrários a atitude de fechar parques e abrir espaços internos de atendimentos em bares e restaurantes, entre outros. “Esse vírus é liberado em aerossóis que permanecem flutuando no ar, viajam mais de dois metros e podem se acumular no ar da sala”, resume Prather em um e-mail. E alerta: “As máscaras devem ser usadas em ambientes internos sempre que houver outras pessoas presentes; os aerossóis não param a dois metros”.
No Brasil, até a segunda-feira,(12), 146.675 pessoas já haviam morrido e um total de 4.927.235 foram infectadas com a Covid-19, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Mesmo assim, assistimos a um estado de “negação” da realidade, justificado pelo cansaço com a situação de resguardo que o vírus ainda nos impõe.
No feriado do dia 12 de outubro, assistimos o aumento do tráfego nas rodovias, com destinos parecidos: praias e serra. As cidades gaúchas de Gramado e Canela, por exemplo, chegaram à ocupação limite permitida na rede hoteleira, na bandeira laranja, que é de 60% da capacidade, de acordo com o Decreto Estadual do distanciamento controlado. E detalhe: pela quinta semana consecutiva, Gramado mantém uma média semanal superior a 100 novos casos positivos do Covid 19. Na semana entre primeiro e oito de outubro, foram registrados 198 casos no município e, no momento, 88,8% dos leitos de UTI estão ocupados.
Alguns cientistas e médicos já começam a usar outra nomeação para essa onda viral, chamam de Sindemia, termo que combina pandemia e sinergia, ou seja, seria a interação mútua agravante entre problemas de saúde em populações em seu contexto social e econômico.

O médico americano Merill Singer, acrescenta que: “Temos que lidar com os fatores estruturais que dificultam o acesso dos pobres à saúde ou a uma alimentação adequada”. E nessa linha o editor do Lancet, Richard Horton, é conclusivo: "Não importa quão eficaz seja um tratamento ou quão protetora seja uma vacina, a busca por uma solução puramente biomédica contra a covid-19 vai falhar.”
E ele conclui: "A menos que os governos elaborem políticas e programas para reverter profundas disparidades sociais, nossas sociedades nunca estarão verdadeiramente protegidas da covid-19.”
Sigamos com esperança de uma cura para o Covid 19, mas até que ela chegue, mesmo exaustos, temos que ter a consciência de que cuidar da nossa vida é ajudar a preservar a vida de todos.