Você sabe como surgiu o Setembro Amarelo?
Tudo começou nos EUA, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994. Mike restaurou um automóvel Mustang 68, pintando-o de amarelo, e após seu suicídio então o símbolo da luta ficou sendo o laço amarelo. No Brasil é uma campanha de prevenção ao suicídio, que foi iniciada em 2015. O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Especialmente no Brasil, onde atualmente 32 pessoas por dia tiram a própria vida.

A redação do Meta convidou a psicóloga, Andreia Roveda (CRP 07/9027) para conversar sobre Suicídio e Prevenção.
-Meta: No mês de setembro a gente costuma notar uma reflexão através de campanhas, outdoors, palestras, e material impresso sendo distribuído sobre a questão da prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, e fica a sensação de que é só para constar. Qual seriam, na sua opinião, as ações efetivas?
Andréia: Em termos de ações efetivas penso que para prevenir, precisamos falar mais sobre, não somente “ em Setembro”, mas durante todo o ano. Vejo Saúde, Escola e Segurança, como pilares para criação de estratégias. Essas três instâncias poderiam trabalhar juntas promovendo palestras, vivências, teatro, oficinas, no intuito de conscientizar risco e promover Vida com qualidade. Espaços comunitários poderiam ser usados, como Associações de Bairros, Centros Esportivos, Igrejas e Escolas.
-Meta: Em nosso município existem muitos casos de depressão, que podem ou já chegaram à tentativa de suicídio?
-Andréia: Atualmente os Serviços de Acolhimento e Saúde Mental foram ampliados no nosso Município, o que é fundamental para a redução de riscos. Acredito que, apesar do suicídio ter aumentado nos últimos anos, mundialmente, talvez estejamos conseguindo prevenir mais, principalmente na Saúde Pública. (Obs. Não tenho dados estatísticos atuais do Município).
-Meta: Quais as orientações para familiares e amigos para conseguir apoiar ao notar comportamentos e posturas que possam indicar algum tipo de sofrimento/angústias /traços de depressão?
-Andréia: Existem indicadores que podem sinalizar possíveis riscos, como Transtornos de Humor (Depressão Maior, Bipolaridade), alguns Transtornos de Personalidade (Borderline), uso de substâncias/ Dependência Química, falas recorrentes de desejo de morte, lutos ou perdas significativas, problemas financeiros sérios, problemas conjugais, comorbidades. Neste sentido, cabe as pessoas próximas de quem esteja em sofrimento, um olhar atento, pois alguns comportamentos podem mascarar riscos, necessitando ajuda profissional para o melhor encaminhamento e/ou intervenção.

-Meta: Quais os casos em que a terapia clínica precisa da “parceria “de um psiquiatra?
-Andréia: Existem casos onde o Terapeuta/Psicólogo precisa da parceria de um psiquiatra para a avaliação sobre a necessidade de tratamento medicamentoso. Ex: Transtornos de Humor, Transtornos de Ansiedade, Dependência Química, Transtornos Alimentares e outros, onde ambos profissionais fazem um trabalho integrado.
-Meta: Como a escola, trabalho e instituições podem apoiar, e colaborar com essas pessoas?
-Andréia: Escolas, Trabalho e Instituições podem colaborar com as pessoas em sofrimento psíquico, tendo compreensão, uma boa escuta, paciência, empatia, cuidado e principalmente, buscando orientação e ajuda especializada, quando necessário.
-Meta: No seu entendimento, com experiência profissional, é necessário aguardar que a pessoa em “sofrimento” peça ajuda, ou um familiar ou amigo através de uma escuta possa indicar um psicólogo para atendimento?
-Andréia: Muitas vezes quem está em sofrimento psíquico nem sempre consegue pedir ajuda, então familiares e amigos quando percebem que algo está diferente (sinalizadores) podem e devem indicar um psicólogo para que a pessoa possa ser avaliada. Sempre oriento, quando constato risco que a pessoa não seja deixada sozinha até que se avalie qual a melhor intervenção a ser tomada, que vai depender da gravidade de cada caso.

-Meta: Uma mensagem a todas as pessoas que sofrem por estar em depressão.
-Andréia: As dores da alma têm tratamento, acredite. Acolha a sua dor, respeite-se. Não aja impulsivamente, com atitudes irreversíveis. Busque ajuda profissional